Um recente inquérito online (1) mostrou que os franceses sabem pouco sobre a gengivite. Na realidade, quase um em cada três franceses diz sofrer de gengivite, a primeira fase da doença periodontal. Mas menos de uma em cada dez pessoas francesas visita o dentista quando as gengivas estão a doer e/ou a sangrar. No entanto, a gengivite não é uma doença oral a ser tomada de ânimo leve. Não só pode levar à periodontite se não for tratada correta e rapidamente; mais importante ainda, pode ser sinal de um problema de saúde geral mais grave. Para cuidar dos dentes a longo prazo, e para se manter saudável durante muito tempo, é importante saber como reconhecer a gengivite. Isto permitir-lhe-á consultar o dentista para um tratamento precoce.
O que é a gengivite?
A gengivite é uma doença inflamatória de origem infeciosa. Trata-se de uma inflamação localizada das gengivas. Na maioria dos casos, a gengivite é causada pela acumulação de placa bacteriana nos dentes e sob as gengivas. As bactérias desenvolvem-se na placa, causando a inflamação.
As bactérias estão naturalmente presentes na nossa boca. Sem o perceber, tem cerca de 10.000 espécies de bactérias na sua boca. E há muitas delas: os investigadores estimam que existem 50 mil milhões. As bactérias são, na sua maioria, inofensivas para o corpo humano. Isto é conhecido como comensalismo, onde o nosso corpo e as bactérias coexistem sem quaisquer vantagens ou desvantagens para qualquer um deles. Algumas bactérias são essenciais para a nossa saúde. Por exemplo, algumas das bactérias da nossa boca ajudam a digerir os alimentos, enquanto outras nos protegem dos agentes patogénicos. Esta simbiose é benéfica para todos: as bactérias ajudam-nos a ser saudáveis, e nós providenciamos um lar para elas. No entanto, como é frequentemente o caso, o ótimo é inimigo do bom: quando as bactérias se multiplicam e proliferam, perturbando o equilíbrio natural, causam doenças inflamatórias, incluindo a gengivite.
Quais são os sintomas da gengivite?
É importante reconhecer os sinais da gengivite para que possa ser tratada o mais rapidamente possível. Os sintomas mais comuns da gengivite são:
- gengivas que sangram, e também muito vermelhas, enquanto que as gengivas normais são de cor rosa.
- inchaço das gengivas, que adquirem um aspeto liso e macio. As gengivas saudáveis, por outro lado, têm uma aparência granular, como a pele de uma laranja.
- a presença da placa e/ou tártaro, visível a olho nu.
- mau hálito
Quais os fatores que aumentam o risco de gengivite?
Alguns fatores aumentam o risco de sofrer de gengivite:
- fumar: uma vez que fumar provoca a constrição dos vasos sanguíneos, a dilatação dos capilares gengivais devido à gengivite passa despercebida e só será tratada mais tarde na sua evolução.
- consumo de álcool: o álcool é principalmente açúcar, e as bactérias alimentam-se de glicose.
- stress: uma morte, separação, problemas profissionais ou pessoais reduzem a resistência imunitária, dando rédea solta às bactérias para se desenvolverem.
- consumo excessivo de certos alimentos: alimentos açucarados, mas também aqueles que criam microlesões na superfície das gengivas (nomeadamente batatas fritas ou certas bolachas).
- distúrbios hormonais: a gravidez ou menopausa induz uma perturbação hormonal, que modifica o tecido gengival. A puberdade e certos períodos do ciclo menstrual podem também desempenhar um papel no desenvolvimento da gengivite. Assim como certos contracetivos, que perturbam o equilíbrio hormonal.
- diabetes: as pessoas com diabetes precisam de prestar atenção às suas gengivas, e à sua saúde oral em geral. A diabetes aumenta o risco de sofrer de gengivite e depois de periodontite. Ao mesmo tempo, a doença periodontal afeta o controlo do açúcar no sangue.
- o uso de certos medicamentos: anticoagulantes, medicamentos imunossupressores (prescritos em caso de doença autoimune), medicamentos de quimioterapia, ou ansiolíticos modificam o tecido gengival, e aumentam o risco de gengivite. O uso exagerado de anti-inflamatórios não esteroides (por exemplo, a molécula de ibuprofeno) também pode levar à gengivite.
- certas doenças: as doenças que minam o sistema imunitário aumentam o risco de sofrer de gengivite. Entre estas incluem-se VIH (SIDA), leucemia, mononucleose infeciosa, tuberculose, HPV, linfoma e anemia. O vírus do herpes também aumenta a prevalência da gengivite, tal como a candidíase (uma micose causada pelo crescimento excessivo do fungo Candida).
- deficiências: a falta de vitaminas A, C, B, P, K ou D pode levar a uma gengivite recorrente.
- idade: o envelhecimento dos tecidos (ou senescência) também afeta o tecido gengival, razão pela qual as pessoas mais velhas sofrem mais frequentemente de gengivite.